Os amores de metrô me invadem os sonhos.
Deitados em minha cama, trocando os canais da TV com os pés, criticávamos a programação e parávamos ocasionalmente para que um de nós explicasse de que se tratava certo filme. Eu, que abraçava um de seus joelhos, vestia uma blusa gris e bermuda clara, enquanto você trajava um jeans e uma regata branca. Procurava o momento oportuno para arrancar-lhe um beijo, e, quem sabe, algo mais. Tal momento não chegara, uma vez que meus olhos abriram-se.
Acordei e decidi que odiava meu subconsciente.
Num surto de raiva desejei estar bêbado durante a manhã. Quis dormir e esquecer-me do sonho. Esmurrei o colchão que amanhecera sem o lençol por tanto ter-me revirado durante a noite. Repetia para mim mesmo: "não pode ser verdade" e "deve ser uma brincadeira" enquanto balançava a cabeça e continuava a agredir o pobre colchão.
Maldito sonho. Maldito subconsciente. Trabalho de uma semana jogado fora. Afundei a cabeça no travesseiro. Maldito subconsciente! Trabalho de uma droga de uma semana jogado fora.
Já sofrestes alguma vez com amores de metrô, querido leitor? Espero que sim. Não se deve evitar um amor de metrô, você sabe.
O mistério me apaixona. Os ideais me apaixonam. O rumo, a falta do rumo, um livro, um filme, três estações... Um café. A fala me apaixona, a falta da fala, o pensamento, a decepção... Não, não esta ultima.