Transcrever emoções, sentimentos, passado, futuro ou desejos, é viver - ou reviver - tudo o que há de melhor.

sábado, 30 de março de 2013

Heritage


I’ll tell you why you should be afraid. I’ll tell you that and a lot more. I’ve got nothing to lose, amigo. I’ve got absolutely nothing to lose. I’m extremely sorry for my life. I’m extremely sorry for your life, and for what you’ve done with it. I’m absolutely sorry for life in general. You know what else I’m sorry for? What’s about to happen to you. And what is gonna happen to that girl over there. I’m still not able to understand your addiction to making me suffer, but I can see you alright. I can see right through you, ok? I don’t understand why, but I understand what. And you’re powerful as hell, my dear. I don’t actually understand myself and why it affects me that much. But one of these days we’ll get there. Nothing to lose, my friend. You’ve got to understand that I grew up used to self-destruction; I appreciate a little bit of darkness. That’s why I don’t fit, and that’s why I regret meeting you. And you should regret meeting me as well, if you don’t yet. Nihilism is the affirmation of that unanswered question, my dear. Je suis nothing. Je m’appelle fucking nothing. If you’re aware of everything I’ve said, we’re ready to start. 

domingo, 17 de março de 2013

Carta interrompida


O Edgar deixou uma carta a ela endereçada; carta esta que encontrei e transcrevo:


Olá, querida.

Fica aqui registrado que cansei de te cansar. Cansei de me declarar fraco, também; a propósito, vou fazer algo sobre minha fraqueza. Fique tranquila.
Talvez daqui a um tempo percebamos que deixamos algo legal passar, e aí talvez esse algo aconteça. Por ora, me contento em não contentar-me comigo mesmo. Faço um puta esforço pra parecer mais poético, mas acabo mais patético. Outra coisa que deixo registrada aqui é que não vou mais expor tanto minha imagem, e menos ainda a sua (que, aliás, acho que eu nunca expus muito). E espero não te fazer mal com essa carta que eu/

Puta que o pariu! Eu juro que estava no clima pra escrever essa carta te dizendo o quão maravilhosa você é e tudo, mas acabo de desligar o telefone; falei com um amigo que deixou saudades no pessoal da cidade e foi pro interior estudar. Disse-me que a vida lá é uma maravilha. Outra realidade. Acho que não tenho mais [mau] humor pra escrever isso aqui, então terei de encerrar na metade. A felicidade dele me contagiou.

Mil beijos,

Edgar Prado Quadros."

sexta-feira, 15 de março de 2013

Texto 102


Andam tentando me convencer de que não sou um babaca fracassado, mas eu não caio nessa, mon ami.
Minhas pernas não param de se mexer, minha boca está amarguíssima, meu organismo está cheio de álcool, e eu estou com o corpo péssimo. Minha saúde tá foda, meu amigo. Tá foda mesmo.Tenho ânsias de vômito diariamente, apertos no peito, tremor labial, inquietação, cansaço, cabeça cheia e vida vazia. Anteontem me disseram pra parar de beber, mas, amici, a vida não deixa.
Dores nas têmporas, excesso de saliva, fadiga, escrita suja, leitura de rótulos, filmes esquecidos, dores nos calcanhares, dentes cerrados, escrita romântica, palavras ácidas, pico de felicidade, pico de tristeza, esperança, decepção, ansiedade, dores estomacais, um soneto, tédio, fadiga, timidez, nostalgia, pessimismo, alegria momentânea, palavras soltas, trezentas mensagens, desânimo, ânimo, antônimos, artes, literatura, conversas.
Puta que me pariu! Preciso dar um jeito nas coisas. Tentaram muito me convencer de que eu era uma pessoa maravilhosa. Cazzo, meus queridos! Não é assim que se faz. C’est la vie é o caralho, tá? Com todo o respeito. Vou tentando não aceitar as coisas como elas são, o que é extremamente fácil, em tese. Já disse que minha cabeça tá uma bosta? Pois é. No es tan fácil, compañero. Vou varrer essas coisas. Já percebeu a falta de sentido no que escrevo? Porra, não sou um robô, nem um animal, nem uma pelúcia, nem um pedaço de madeira. É por isso que ta foda fazer sentido, entende? Vou encerrando isso aqui antes que eu fale demais, tá?
Tá aí. Crack the code. Vou cuidar de meu estômago e de minhas têmporas.

terça-feira, 5 de março de 2013

Poder podar


Preciso voltar a produzir como outrora. Mas não estou disposto a passar por tudo o que passei uma vez mais. O medo que tenho é absurdo. Tenho de me esforçar muito para não dar vazão à droga da minha visão periférica. Catso!
Não entendo essa minha fraqueza. Não entendo essa bosta de fraqueza. Tenho andado muito mais lúcido, apesar dos pesares.
Pausa.
Retomando: Preciso exercitar esse negócio pra não cair na mesma armadilha. E, porra, com a mesma bosta de nome?! No way! Vou lutar contra isso.
Esqueça tudo o que acabo de dizer. Sou uma droga de um mentiroso. Minto para mim mesmo quando escrevo dizendo que não me importo, pois, enfatizando: se escrevo é porque me importo.
Eu era tão promissor, caralho! E agora vem essa porra de dor estomacal me tirar a concentração? Há algo extremamente errado. Preciso exercitar essa merda. Quero minha sanidade regada a drogas. Não quero mais estar tão preso. Isso não se faz, querida. Isso não se faz.
Agora tenho de escrever pontuando com espor[r]ádicos palavrões para umedecer essa porra toda. São a vaselina dessa vida, os meus palavrões. Essa dor é insuportável. Isso não se faz, tá bem?
Por isso tenho tanto medo de que volte com força. Porra, eu trocaria dias de minha vida pela segurança de que não sofreria com o mesmo mal, mas sei que sou fraco demais. Não importa o que eu ouça, minha mente é uma perdição, minha amiga. Balanço a cabeça positivamente, mas estou, em verdade, perdido em meus pensamentos, que, veja só você, estão perdidos entre seus cabelos.
Percebe minha fraqueza? Comecei o texto cuspindo violentamente, mas termino admitindo minha fraqueza. Faz muito frio, e tenho certeza de que você sabe do que estou falando.