Transcrever emoções, sentimentos, passado, futuro ou desejos, é viver - ou reviver - tudo o que há de melhor.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Um nome

Sempre me pergunto se devo dizer. Sei muito bem a resposta para tal pergunta, e como se não bastasse, sei também a resposta para a pergunta gerada em seguida. Ainda assim me pergunto se devo dizer. Sou suscetível ao engano, mon ami.

É difícil ver uma flor brotando de um caule seco. Tema recorrente na literatura.
Deveria eu dizer alguma coisa? Tenho densa vocação para cansar pessoas. 
Tema recorrente em minha vida, amigo. Já citei o café, os espasmos, o estômago, as pernas cruzadas, o engano... Suscetível ou fraco? Sabe-se lá. Quiçá ambos. Prefiro não ter de decidir. Honestamente.

Amanhã vai ser outro dia, e isso me assusta. Aliás, quantos dias se passaram desde que... Deixemos o assunto de lado. O importante é lembrar-me do elogio sofrido ainda há pouco. Mas amanhã vai ser outro dia. Deveria eu dizer que... Que o negócio é retrô, amigo. Que o negócio é retrô.

Posso falar por meio de canções, se preferir. Ou me valendo de citações de filmes. Ou de livros, ou da sabedoria popular. Em última instância me valho de trocadilhos. Pode escolher. Posso usar rimas ou dizer sem dizer. Falo pelos cotovelos, sabia?

As coisas não mudam tão rapidamente. Sei disso porque já estive do outro lado. E digo com muito pesar: A margarida que cortei não voltou a nascer. Só que depois de um tempo a merda vira adubo, se é que querem saber. Ninguém está a salvo. Tema recorrente na vida, na literatura, e nos filmes.

Não digo nada pelo bem do silêncio. E pelo meu bem. E pelo seu bem [que bem que podia ser... porra, não me faça dizer!] Mas a pergunta me vem à boca. Não raras as vezes. Não raras as vezes. Tema recorrente. Suscetível à repetição. Flor em galho seco, estômago e auto-depredação. Só pra forjar uma beleza blue. Tema recorrente na puta que te pariu. [A violência também é inventada.]
E tudo o que eu escrevi pode ser resumido em três míseras palavras: Deveria eu dizer?

quinta-feira, 2 de maio de 2013

ReTired


You knew about my condition, my darling. [I wish you would take my radio to bathe with you, plugged in and ready to fall.]
Some have said love is the greatest inspiration source, but I have got to disagree. Deception and sadness work a lot better.
Aliás, cansei de usar outro idioma. E cansei de usar o português como se ele não fosse meu idioma. E nem estou muito afim de me expressar em primeira pessoa, se você quer saber. Não há saída, tá? Nem vou me esforçar pra deixar isso poético, porque estou sentindo um certo cansaço. And this is not a fucking crying for help, com o perdão do uso do idioma estrangeiro. É que, porra, foreign language, foreign heart, se é que você me entende, mon ami.
Auto-depreciação é uma das únicas coisas que meu amigo conhece. Ele e aquela bosta de Notável Solidão. Sei lá se é isso mesmo. Talvez seja Memorável Isolamento.
[Cacete, acho que vamos precisar de uma nova personagem.]
Aliás, nem sei se já falei isso, mas eu não sou o protagonista de minha própria história. Patético, né? Porra amigo, tomara que você entenda que isso aqui não é nada MUITO preocupante.
Young lover é o caralho, tá? Damn! Minha mente fica jorrando informação, e não consigo evitar essa confusão. Mas, Young Lover, what's wrong with tonight? Let's waste no time. Desculpe, foi só uma recaída. Talvez meu amigo, Peter, possa me dizer o que fazer.
Eu queria muito saber como é que vão ler isso aqui. Queria mesmo.
Se o que disseram sobre mim fosse verdade eu não estaria passando por essas coisas, tá? Ser o pataca já foi mais legal. Eu gostaria de que o que disseram fosse verdade. Mas às vezes a exaltação é só uma desculpa de quem não quer apontar os reais defeitos. É até admirável, a solidariedade. Às vezes faz mal, though.
Eu não sei de mais nada, mon amour. Só tenho a impressão de que não é a última vez. It'll happen again and again and again and again. No idioma que for.
Aliás, [prometo que esse vai ser o último aliás da noite] muda o idioma mas não o idiota.

sábado, 30 de março de 2013

Heritage


I’ll tell you why you should be afraid. I’ll tell you that and a lot more. I’ve got nothing to lose, amigo. I’ve got absolutely nothing to lose. I’m extremely sorry for my life. I’m extremely sorry for your life, and for what you’ve done with it. I’m absolutely sorry for life in general. You know what else I’m sorry for? What’s about to happen to you. And what is gonna happen to that girl over there. I’m still not able to understand your addiction to making me suffer, but I can see you alright. I can see right through you, ok? I don’t understand why, but I understand what. And you’re powerful as hell, my dear. I don’t actually understand myself and why it affects me that much. But one of these days we’ll get there. Nothing to lose, my friend. You’ve got to understand that I grew up used to self-destruction; I appreciate a little bit of darkness. That’s why I don’t fit, and that’s why I regret meeting you. And you should regret meeting me as well, if you don’t yet. Nihilism is the affirmation of that unanswered question, my dear. Je suis nothing. Je m’appelle fucking nothing. If you’re aware of everything I’ve said, we’re ready to start. 

domingo, 17 de março de 2013

Carta interrompida


O Edgar deixou uma carta a ela endereçada; carta esta que encontrei e transcrevo:


Olá, querida.

Fica aqui registrado que cansei de te cansar. Cansei de me declarar fraco, também; a propósito, vou fazer algo sobre minha fraqueza. Fique tranquila.
Talvez daqui a um tempo percebamos que deixamos algo legal passar, e aí talvez esse algo aconteça. Por ora, me contento em não contentar-me comigo mesmo. Faço um puta esforço pra parecer mais poético, mas acabo mais patético. Outra coisa que deixo registrada aqui é que não vou mais expor tanto minha imagem, e menos ainda a sua (que, aliás, acho que eu nunca expus muito). E espero não te fazer mal com essa carta que eu/

Puta que o pariu! Eu juro que estava no clima pra escrever essa carta te dizendo o quão maravilhosa você é e tudo, mas acabo de desligar o telefone; falei com um amigo que deixou saudades no pessoal da cidade e foi pro interior estudar. Disse-me que a vida lá é uma maravilha. Outra realidade. Acho que não tenho mais [mau] humor pra escrever isso aqui, então terei de encerrar na metade. A felicidade dele me contagiou.

Mil beijos,

Edgar Prado Quadros."

sexta-feira, 15 de março de 2013

Texto 102


Andam tentando me convencer de que não sou um babaca fracassado, mas eu não caio nessa, mon ami.
Minhas pernas não param de se mexer, minha boca está amarguíssima, meu organismo está cheio de álcool, e eu estou com o corpo péssimo. Minha saúde tá foda, meu amigo. Tá foda mesmo.Tenho ânsias de vômito diariamente, apertos no peito, tremor labial, inquietação, cansaço, cabeça cheia e vida vazia. Anteontem me disseram pra parar de beber, mas, amici, a vida não deixa.
Dores nas têmporas, excesso de saliva, fadiga, escrita suja, leitura de rótulos, filmes esquecidos, dores nos calcanhares, dentes cerrados, escrita romântica, palavras ácidas, pico de felicidade, pico de tristeza, esperança, decepção, ansiedade, dores estomacais, um soneto, tédio, fadiga, timidez, nostalgia, pessimismo, alegria momentânea, palavras soltas, trezentas mensagens, desânimo, ânimo, antônimos, artes, literatura, conversas.
Puta que me pariu! Preciso dar um jeito nas coisas. Tentaram muito me convencer de que eu era uma pessoa maravilhosa. Cazzo, meus queridos! Não é assim que se faz. C’est la vie é o caralho, tá? Com todo o respeito. Vou tentando não aceitar as coisas como elas são, o que é extremamente fácil, em tese. Já disse que minha cabeça tá uma bosta? Pois é. No es tan fácil, compañero. Vou varrer essas coisas. Já percebeu a falta de sentido no que escrevo? Porra, não sou um robô, nem um animal, nem uma pelúcia, nem um pedaço de madeira. É por isso que ta foda fazer sentido, entende? Vou encerrando isso aqui antes que eu fale demais, tá?
Tá aí. Crack the code. Vou cuidar de meu estômago e de minhas têmporas.

terça-feira, 5 de março de 2013

Poder podar


Preciso voltar a produzir como outrora. Mas não estou disposto a passar por tudo o que passei uma vez mais. O medo que tenho é absurdo. Tenho de me esforçar muito para não dar vazão à droga da minha visão periférica. Catso!
Não entendo essa minha fraqueza. Não entendo essa bosta de fraqueza. Tenho andado muito mais lúcido, apesar dos pesares.
Pausa.
Retomando: Preciso exercitar esse negócio pra não cair na mesma armadilha. E, porra, com a mesma bosta de nome?! No way! Vou lutar contra isso.
Esqueça tudo o que acabo de dizer. Sou uma droga de um mentiroso. Minto para mim mesmo quando escrevo dizendo que não me importo, pois, enfatizando: se escrevo é porque me importo.
Eu era tão promissor, caralho! E agora vem essa porra de dor estomacal me tirar a concentração? Há algo extremamente errado. Preciso exercitar essa merda. Quero minha sanidade regada a drogas. Não quero mais estar tão preso. Isso não se faz, querida. Isso não se faz.
Agora tenho de escrever pontuando com espor[r]ádicos palavrões para umedecer essa porra toda. São a vaselina dessa vida, os meus palavrões. Essa dor é insuportável. Isso não se faz, tá bem?
Por isso tenho tanto medo de que volte com força. Porra, eu trocaria dias de minha vida pela segurança de que não sofreria com o mesmo mal, mas sei que sou fraco demais. Não importa o que eu ouça, minha mente é uma perdição, minha amiga. Balanço a cabeça positivamente, mas estou, em verdade, perdido em meus pensamentos, que, veja só você, estão perdidos entre seus cabelos.
Percebe minha fraqueza? Comecei o texto cuspindo violentamente, mas termino admitindo minha fraqueza. Faz muito frio, e tenho certeza de que você sabe do que estou falando.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Semiotics


Olhei para ela como mais uma de minhas passadas (e dolorosas) paixões. Hoje, se me perguntassem, eu diria que prefiro dois gramas de felicidade cocaínica, a ter seu nome em meus ouvidos, seu cheiro em minhas narinas, sua pele em minha pele, seu sabor em minha língua e sua imagem em minhas dilatadas pupilas. Morro de medo de ter uma recaída, no entanto. Felizmente, sinto que algo no padrão foi alterado. Sou capaz de contar quinze mentiras para denegrir minha imagem, mas não revelo um real defeito. Atenção no parágrafo seguinte:
Um rápido rascunho do que aconteceu. Dia radiante recebeu rajadas de vento, raios e raras pancadas de chuva. Meu radar me alertou sobre a rachadura em minha mente. Falta de razão.
Preciso ouvir algo sobre a insustentável leveza do ser. Santa Mudança no Padrão. Tenho muito que dizer, mas as palavras estão fugindo. No entanto, não posso deixar de lembrar que de casto para catso basta uma pequena mudança. Aprendi a lidar com algumas coisas. Reality sucks. Ya no me gusta tenerte muy cerca. Para ser muito sincero, ela é tão interessante quanto real state propaganda. E ela não merece toda esta sujeira. Sem falar em sua normalidade. Casto casto casto catso casto catso catso. Só pra enfatizar. Emphasis em fases diferentes. Um choro agudo, ausência de lágrimas, ênfase acrescentada. Há um tempo negritei aquela paixãozinha; negritei, sublinhei e pus em itálico, tudo isso pra enfatizar. Bold(o). Às vezes a comunicação falha um pouquinho e a confusão está feita. O que era cor e ação vira coração. Não posso talhar nomes em pedra. Felicidade cocaínica parece aquela felicidade que senti por dois dias; às vezes vem acompanhada de dores estomacais. Aquele esforço todo que eu fiz foi... Bom, acho mais fácil deixar de lado. Tenho certeza de que se eu procurar a origem do seu nome, acharei castidade relacionada. Maluquice minha. Ctrl+c, ctrl+v e só coloquei atenção na hora de trocar nomes próprios. Isso é o que meu cérebro faz. Cor e ação.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Flu-ir


Auto-destruição. Sou um coquetel molotov. Auto-destrutivo é pouco. Nada de memorável solidão. Isso é pouco. Pouquíssimo. Não tenho nome, nem propósito, nem despropósito. Epifania. Não sou poeta, músico ou escultor. Nem casto, nem vasto, vacasto. Oralidade, neologismo, oralogismo. Porra de horóscopo. A Mari acredita nesta porcaria. Ânsia de vômito, dores de cabeça, e auto-destruição. Desconexo, confuso, non-sense. Sempre três. Tic(que), TOC ou teco, se é que me entende. Essa é a diferença entre nós. 

O outro rapaz lia. Eu mexi na porra do seu queijo, ta legal? Torci para que me acolhesse em seu colo. Torcicolo. Articulações rotas, inflamações e febre. Duvido até do que vejo, porque não confio em meu cérebro. Eu mexi na bosta do queijo, e foi só pra fazer algo contrário. Junto duas palavras, uso cognatos, e abuso de cacófatos. Amo elas, a moela, e a ruela (além da arruela, que não vou incluir pra não perder o número três). 



Dores na nuca, ombros e olhos. Não tenho nome. Sou auto-destrutivo. Arma apontada para a cabeça é fácil demais. Não tens coragem. As primeiras Silabas; preste atenção: Moleza, logicidade, total v. Semiótica, literatura, e literótica. Procrastinar é menos perigoso que procriar. Prover, prever, prevalecer. Sei lá. Duas mil e trinta e três visitas. Ainda tem aquele negócio de auto-destruição. Parvos. Sou um coquetel motov.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Sem um bom título


Certa vez me apaixonei por uma garota normal demais. Foi um grande erro. Ambos sabíamos que não daria certo. Ela provavelmente sabia que eu era uma aberração sem tamanho para ela. É isso o que sou, uma aberração sem tamanho. Ela um dia me disse, apenas com o olhar, que eu era a pessoa mais diferente que já havia entrado em sua vida. Não posso culpá-la. Vou dizer-lhes coisas sobre mim: Gosto da ideia de morar sozinho em um pequeno apartamento com paredes que tenham o reboco falho. Tenho amizades de longa data com pessoas que não se encaixam em lugar algum na sociedade, fico admirado pelo que não entendo, e vivo as vidas de personagens de livros. A atração física que sinto por uma garota pode dobrar de intensidade dependendo de suas ideias. E... gosto de insanidade. Como poderia culpá-la?
Aos vinte e três dias do mês de novembro, deitei em minha cama, encostei a cabeça em um travesseiro, flexionei a perna esquerda e passei a direita por cima dela, deixando-as cruzadas, como de costume. Deitado, tentei encontrar uma ponta de razão, uma plausível explicação, um por quê, meio por quê, uma pista, qualquer indicação de qualquer motivo para ter me apaixonado. Não tenho o costume de ter tanta pretensão, nem de sentir mais que uma pequena atração por alguém que não seja ao menos um pouco disfuncional. Não é do meu feitio ser tão agressivo, e estive muito desapegado antes de conhecê-la. Colocando as mãos debaixo da cabeça, abri a boca em um sorriso amargurado, puxei um pouco de ar para os pulmões e depois forcei-o para fora – como se quisesse expelir, além do ar, algo que estava dentro de mim – e em voz alta constatei que “devia estar procurando mudanças,” pois outra explicação não me ocorreu. Continuei deitado na mesma posição por pouco mais de duas horas, às vezes trocando as pernas, passando a esquerda por cima da direita, e vice-versa. Ao final da segunda hora, levantei as sobrancelhas e parei de balançar o pé direito, que dançava livremente pelos últimos quarenta minutos. Segurei a respiração e ri de mim mesmo. “Memorável...” Gargalhei. Sou uma droga de um louco, é o que sou. Uma aberração, como supramencionado. Não estava em busca de mudança. Estava em busca de sentir aquilo que quase me matou. Maldita nostalgia. “HÁ-HÁ-HÁ! Memorável sofrimento!” Depois de alguns minutos, levantei-me e pus-me a desenhar. “Devo estar tentando me matar.” O sorriso amargurado não me abandonou durante aquela noite. Foi algo surreal. Quiçá irreal.