Me dei cinco minutos para ser criativo e arquitetar um
conto. Bem, lhes conto que acordei quarenta e cinco minutos depois sem ideia
alguma e com descomunal preguiça.
Resolvi, então, abandonar a ideia inicial. Chega de contos
de trinta minutos, chega de impressionar ninguém e chega de querer comparar
nossas literaturas. Aliás, há tempos não a faço com sinceridade. Tenho medo de
parecer com poetas que muito odeio.
Hoje não falo de seu corpo bem feito e tampouco de pensamentos do tal Ricardo Mendes. Hoje não existe Tainá sequer em nossos pensamentos. Nem Camila e nem Donald. Hoje a escrita é sobre nada. Não há eu lírico feminino e tampouco culto à tua boca.
Abandonei minhas musas, minhas semideusas, recusei o abraço
de seu cérebro e de seus braços bem lapidados. Reverenciei a acentuação,
tropecei na língua estrangeira, e mantive uma conversa com ninguém mais que
ninguém.
Pisquei à loucura, convidei-a, escondi o sentido e não quero me recordar do esconderijo. Menti outra vez e fingi a verdade - compulsão deliciosa - e o fiz pensando em tua boca e em teu corpo bem feito. Abandonei a escrita, creditei tudo à insônia e ainda assim deixei o sentido de fora. Não há porquê. Quiçá Dadaísmo. Queria mesmo é que fosse feito com minhas iniciais. Me contentei com o que não criei e menti novamente. Mas juro que não há porquê explícito. Nada além de uma tentativa de impressionar o que não conheço.
(Deixar gravado o que não é)
Te desejo uma boa noite e ainda mais que isso: te desejo. Furei o objetivo principal pra fechar o texto. Mais uma mentira que você terá de perdoar. Enganado estás se acreditou no papo de metalinguística.