Transcrever emoções, sentimentos, passado, futuro ou desejos, é viver - ou reviver - tudo o que há de melhor.

domingo, 25 de novembro de 2012

Awk award


There was pride, and there was Love. There was music, and there was silence. Rhythm, swing, and stuckness. There was a lot going on. Reading, watching, and sleeping. There was fear, and there was disappointment. Tears, pain, and gibberish. There was mystery, after all.
But there was no return, and there was no satisfaction. There was no joy, and there was no understanding. No life, no color, and no movement. There was no logic. No coming, no going, and no breathing. There was no rain, and there was no prize. No eyedrops, no sequence, and no shame. There was no rule-following at all.
Do you realize that? That's rhythm! That’s balance, for chrissake! There is not enough money or beauty to buy the understanding. Do you realize that? That’s what I would call an award.

sábado, 24 de novembro de 2012

Sob o Efeito de Centeio


Quando Eric ouviu a porta sendo aberta, tentou, em vão, esconder o texto por ele mesmo escrito, na primeira página de seu caderno. Suas mãos cobriram as palavras, mas seu rosto o denunciou.
Nicole, ao perceber que Eric temia algo, baixou os olhos para as mãos do rapaz, e as viu pressionando o papel com mais força. Apertou os olhos, comprimiu os lábios, e puxou o caderno para si.
Ambos ofegavam. Tremendo, Nicole iniciou a leitura.

Fui vencido, meu caro amigo. Fui realmente vencido. Do céu ao inferno em cinco minutos. Aposto que não sabes do que falo. A vida é pútrida, caro amigo. Pútrida. Resta-me quebrar regras, dançar diferente ritmo, e fingir alegria. Do céu ao inferno em cinco minutos.
Companheiro, não há céu ou inferno, e, muita vez, o que aqui se faz, jamais se paga. Não deixes que o senso comum tome posse. Entrega-te a ti mesmo, e salve-me de mim. Sou um poço fundo.  Indigno daquelas senhoras. Sou um poço extremamente fundo.
Não tenho orgulho nenhum de coisa nenhuma. Quero conseguir desaparecer antes de atravessar a rua. Do céu ao inferno em cinco minutos. Constatação do óbvio, solidão, insegurança e ansiedade. Se ao menos fosse capaz de controlar-me...!
Não quero fingir indiferença, mas não sei como proceder.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Gunshot talk


Such a saltless talk, ain't it? 
But you gotta excuse my behavior. You oughta excuse my low self esteem. 'Thought we could work it out together.

(To the phone ringing) Just gimme a sec, will ya? I'm trying to solve a damn problem here.

(Back to her) That's right, I'm facing problems! And you being way out of my league is not helping out. This ain't no right, if you want to know. And I'm no crazy, 'K? That's what I got to tell ya. Now, if you care at all 'bout what's going on in here (pointing to his head) or here (pointing to his heart) I'll go on. But in case you don't, hells bells, just tell me cuz I won't breathe another word.
C'mon, you're up. The floor is yours. You got the mic.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Vincedor


Vincent estava encolhido ao canto de seu quarto, cabeça recostada na janela, e braços envolvendo as próprias pernas. Sua cabeça latejava. Olhou para as seis cicatrizes em seu pulso esquerdo. Eram marcas de sua não-aceitação. Durante vinte e cinco anos as pessoas o conseguiram convencer de que não era natural. “Mas que diabos!” – pensou – “consomem comidas artificiais todos os dias e me jogam esta história de não-natural.” Seis malditos cortes. Seis malditas tentativas de acabar com o sofrimento. Seis malditas vezes em que tentou arrancar de si mesmo o que o fizeram acreditar não ser natural. Agora era diferente. Dani estava em sua vida.
A sexta vez funcionou. “Imagino como teria sido se eu tivesse sangrado um pouco mais. Jamais teria conhecido Dani. Dani jamais me conheceria.” Queria acabar com sua vida, e conseguiu fazê-lo. Era o final de uma vida de auto-segregação. A partir deste dia, passou a lutar contra seus próprios preconceitos. Passou dias encerrado em seu quarto refletindo. “Para o Diabo com todas estas pessoas. Uma mentira contada por todo o mundo não constitui uma verdade.” No entanto, ainda reconhecia, com pesar, as mesmas dúvidas, os mesmos questionamentos, e os mesmos preconceitos que ele outrora tivera, nas cabeças de algumas pessoas. “Passei por isso, e com um pouco de sorte eles também superarão. Mas algo precisa ser feito.” - Cerrou os punhos e estufou o peito. - “A melhor maneira de mudar alguma coisa, é dar o exemplo. Não serei mártir algum, mas não mais partilharei do censo comum. Não mais veicularei o preconceito em meu discurso.” Sua cabeça ainda latejava. Olhou para as cicatrizes e apertou as mandíbulas. Sentiu o celular vibrando em seu bolso frontal direito. Enfiou a mão dentro do bolso em busca do aparelho, reconheceu o número, e sorriu largamente – “Daniel deve estar sentindo saudades”.

domingo, 11 de novembro de 2012

Diego & Ana



“Hoje pela manhã, me perguntei pela décima quarta vez por que é que ela não me queria. Perguntei-me qual era a razão da rejeição. Oras, pela décima quarta vez encontrei um novo motivo. Já somo dezoito sólidos motivos. Mas que droga! Deve haver suco gástrico em excesso dentro de mim. Meu estômago anda uma droga. Minha bile é altamente corrosiva. Sou pouco para ela. Ana merece um tanto mais. E essa droga de proximidade aumenta minha produção de suco gástrico. Talvez eu deva me afastar. Preciso fazer o que a nós seja conveniente. Depois desta manhã, tentei prometer a mim mesmo que eu faria algo para evitar aborrecê-la, mas não consegui finalizar a promessa. Cansei de mentir para mim mesmo. Preciso de mudança. Não sei por quanto tempo mais aguentarei. Talvez eu precise realmente me afastar.”

“Ontem o Diego me ajudou com um probleminha. Deus! Eu queria tanto que nós fossemos só amigos...! Mas ontem enquanto ele me ajudava, percebi que por duas vezes ele demorava demais com seus olhos em mim. Acho que ele está exagerando com essa coisa toda! Ele não tem motivos para isso. Ele é sempre muito legal comigo, mas já não sei se ele é uma pessoa legal de verdade, ou se só quer me impressionar. Queria muito que fossemos somente amigos! Às vezes, quando me lembro das coisas que ele me disse, bem, confesso que me sinto muito feliz. Ele me disse coisas que eu não esperava ouvir de ninguém. Na verdade ele me disse coisas tão boas sobre mim, que nem eu concordo. Mas ele é tão... Eu queria que ele tivesse uma namorada. Sinto-me horrível quando ele me trata muito bem, ou quando se esforça para me ajudar. Tenho a impressão de que o estou usando. Droga, Diego! Ele é tão bom para mim, mas... talvez eu deva me afastar.”