Transcrever emoções, sentimentos, passado, futuro ou desejos, é viver - ou reviver - tudo o que há de melhor.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Acúmulo


Querida, podes ler meu texto para não ter de ler minha mente. Não imaginas quão sombrio pode ser este lugar. Faz muito frio. Faz muito frio, e sou fraco demais.
Senti vontade de chorar, amigos. Sou fraco demais. Minha garganta comprimiu-se, e se tivesse de falar alguma coisa, a voz não sairia de outra maneira que não embargada. Sou fraco demais. Como pude me deixar tão vulnerável? Sou fraco demais. Não consigo agir naturalmente pois sou fraco em demasia, amigos. Digam-me o contrário, amigos. Por favor, digam-me o contrário. Não. Sei que sou fraco demais.
Afundei-te em álcool. Meu estômago continua ruim. Não sabes o esforço que tenho feito, mas meu estômago continua ruim. E faz frio. Sou fraco demais. Meu estômago continua ruim. Propus-me algo novo, sadio, confortável, mas... como faz frio!
Tenho sofrido com espasmos. Que será isso? Exagero no café? Exagero na solidão? Exagero nos pensamentos? Exagero na repetição? Amigos, faz muito frio, meu estômago continua ruim, sou fraco demais, e tenho sofrido com espasmos musculares.
Ouvi vinte e duas canções, li noventa páginas de um livro, bebi do café, senti náuseas, recordei-me da vontade de chorar e perdi a fome. Agasalhei-me. O frio continuou. Oh, querida! Bebi mais uma caneca de café. Péssimo para meu estômago, péssimo para meus espasmos, péssimo para minha vontade de você. Lembras-me café, sabias disto?
Tive vontade de chorar, passei frio, afoguei-te em álcool, esperei ansiosamente, senti-me fraco, vesti aquele par de calças velhas, e pus-me a recordar. Meu estômago continua ruim. Li dois poemas, escrevi duzentas e sessenta e oito palavras, engoli mais café, e continuei a passar frio.
Sê forte, querida. Sê forte por mim.
Fiz promessas que não poderia cumprir. Sou fraco, sofro do estômago, de solidão, de espasmos musculares, de frio e da tua falta.

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