Transcrever emoções, sentimentos, passado, futuro ou desejos, é viver - ou reviver - tudo o que há de melhor.

sábado, 29 de setembro de 2012

Raiz aqui presente


Rabisquei um pedaço de papel com impressionante rapidez, rasurei-o, dei razão às minhas palavras e, radiante, descobri a raiz de toda a ideia – perceba bem, querida, que era possível ter usado cerne em vez de raiz.
Rádio ligado, raiar do sol iminente, rastro de bebida em meu copo e de seu sorriso em minha mente. Tentativas frustradas, orgulho rachado, e rapaz abalado em razão de tão enraizado interesse. Raptastes meus pensamentos. Nem Raskólnikov rastejou tanto. Sou um ser humano mui raso, e admito minha desvantagem ao competir com razoáveis rapazes, mais racionais e mais belos que eu. Fui barrado, e ainda assim, sinto-me amarrado. E este desejo tão profundamente arraigado não anda senão arrastado pelos quatro cantos de meu corpo.
Quê dizer de seu radiante sorriso? Sem prolongar-se por demais, raptou minha atenção, arrastando-a para lugares diversos. Ponderei se uma última tentativa a faria ralhar. Agarrar a chance e me permitir errar, para no futuro narrar a ausência do arrependimento.
Deixar jorrar a cobiça, não temer a premissa e dizer-te que me atiças a mente.
Perceba, querida, que “cobiça”, “premissa” e “atiças” tem um jogo de grande malícia no que possuem em comum. E volto a mencionar a raiz. Raiz assim, se lida com rapidez, não pode estar mais explícita.

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